terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A arquitectura d' Os Maias

Em esquema, a arquitectura d'Os Maias poderia, portanto, representar-se assim:


A arquitectura d'Os Maias



Chave:

1 - Introdução (5 pp.): marco inicial da acção; o Ramalhete; Afonso.
2 - Preparação (cerca de 85 pp.):

* a) juventude de Afonso;
* b) infância de Pedro;
* c) juventude, amores e suicídio de Pedro;
* d) infância e educação de Carlos;
* e) Carlos estudante em Coimbra;
* f) primeira viagem de Carlos

3 - Acção (cerca de 590 pp.).

4 - Epílogo (cerca de 27 pp.):

* a) viagem de Carlos e do Ega (1877-78);
* b) cenas da estada de Carlos em Lisboa, oito anos depois (1887).

Setas ascendentes: indicam a cronologia do narrado.

Curvas a tracejado: indicam (de modo impreciso) analepses completivas e repetitivas, ou sejam, respectivamente, de acordo com Gérard Genette, «segmentos retrospectivos que vêm preencher lacunas anteriores da narrativa» e «alusões da narrativa ao seu próprio passado». Nestas últimas, evocam-se em atitude nostálgica, reflexiva, figuras ou situações já conhecidas não só das personagens como do leitor.

Nas suas três partes fundamentais, o romance está organizado, como se vê, em torno da acção, para servir a acção, que é, tomado à letra, um caso individual (a paixão de Carlos pela irmã); e a acção, que é a parte central, constitui mais de quatro quintos do texto. Só secundariamente, portanto, serão Os Maias um roman fleuve; o autor teve entretanto a ambição de enquadrar o caso de Carlos (na sua dupla face: alvo dum destino caprichoso e cruel; membro típico duma sociedade à deriva) num conjunto mais vasto, surpreendido na sua dimensão histórica: o Portugal do século XIX, o Portugal romântico.

Jacinto do Prado Coelho, «Para a compreensão d'Os Maias, como um todo orgânico»,
em Ao contrário de Penélope, Amadora, Bertrand, 1976, pp. 169-170.

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