Revista literária e científica publicada no Porto entre Dezembro de 1910 e 1932, num total de 26 volumes e dividida em 5 séries. De orientação claramente republicana e associada à Renascença Portuguesa, nela colaboraram alguns dos principais valores intelectuais da nova geração, de tendência socialista ou vindos de movimentos anarquistas, tais como Augusto Casimiro, Mário Beirão, Jaime Cortesão, Leonardo Coimbra, Afonso Duarte, António Carneiro, Sant'Anna Dionísio, Hernâni Cidade, Adolfo Casais Monteiro, Augusto Gil, Afonso Lopes Vieira, António Sérgio, António Correia de Oliveira, Manuel Laranjeira, Sampaio Bruno e Raul Proença, mantendo ainda correspondência no estrangeiro com autores como Unamuno. Um dos seus directores na parte literária foi o poeta Teixeira de Pascoaes. Era também possível encontrar nesta publicação inéditos de Alexandre Herculano, Antero de Quental e Camilo, entre outros.
A Águia surgiu de um projecto de promoção da cultura nacional cumprido na edição, na fundação de universidades populares, na realização de cursos e colóquios, na constituição de bibliotecas, entre outras acções. A revista nasceu de uma ânsia de ressurgimento nacional, de um novo Portugal, expressa através de artigos sobre assuntos variados, desde escritos filosóficos e literários, até artigos sobre a reforma do ensino, a reforma agrária e a reforma das instituições.
A direcção de Teixeira de Pascoaes impregnou o programa da "Renascença" de um ideal saudosista: a saudade, expressão da "alma portuguesa", é, para Pascoaes, "o próprio sangue espiritual da Raça, o seu estigma divino, o seu perfil eterno".
Simultaneamente movimento literário de cariz neo-romântico e propensão metafísica, e doutrina religiosa, política e filosófica, o saudosismo incutirá a A Águia um clima profético, de expectativa sebastianista e messiânica, para o qual contribuirá o jovem colaborador Fernando Pessoa, com a série de artigos "A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada". A acusação do carácter idealista, passadista e utópico desta postura, levantada, ainda na segunda série (1912-1921) ao longo de uma acesa polémica entre Teixeira de Pascoaes e António Sérgio, conduzirá à dissidência de alguns colaboradores que viriam a integrar o projecto da revista Seara Nova, como António Sérgio e Raul Proença.
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